Gazeta Itapirense

Tradição e Confiança: Mercearia Boa Esperança mantém sistema de CADERNETA

Em tempos de pagamento por aproximação, PIX e aplicativos de banco, uma mercearia em Itapira mantém viva uma prática que remonta há décadas passadas: a venda fiada registrada na tradicional caderneta.

A Mercearia Boa Esperança, localizada em bairro tradicional da Vila Boa Esperança, continua oferecendo esse modelo de confiança aos seus clientes mais antigos. Edson Rossi, responsável pelo estabelecimento, conta que a prática vem desde os tempos de sua mãe, Madalena Sabadini Rossi, fundadora do local.

“Estamos com o armazém há 40 anos. Antes era bar e mercearia, depois ficamos só com o mercado”, relata Edson. Ele lembra que a caderneta sempre existiu no comércio da família, sendo, durante muitos anos, o principal meio de venda. “Antigamente, cerca de 80% das vendas eram feitas na caderneta”, diz.

Hoje, o cenário é diferente. O número de clientes que ainda compram fiado é pequeno e concentrado em pessoas mais velhas, antigas frequentadoras do estabelecimento. “Não estamos mais abrindo cadernetas novas. Os que continuam são os antigos, com quem já existe uma relação de confiança”, explica.

Edson Rossi deve ser um dos últimos a vender na caderneta (Foto: Gilmar Carvalho)

O sistema, segundo Edson, funciona como um acordo informal. “A gente combina os prazos, mas normalmente o cliente paga em até 30 dias”, comenta. Apesar de toda a confiança, ele admite que, como qualquer forma de crédito, o sistema já trouxe alguns prejuízos. “Já tivemos problemas, é como vender no cheque: sempre tem um risco.”

Mesmo com os desafios, a Mercearia Boa Esperança se mantém como um ponto de resistência e tradição, preservando um modelo de comércio que valoriza a relação próxima e a confiança entre comerciante e cliente — algo cada vez mais raro nos dias de hoje.