Crônica: Eu vi Moisés abrir o Mar Vermelho, Por Rodrigo Alves de Carvalho
Esses dias, assisti no TikTok a um pequeno vídeo de um escravo, gravado na época do Egito Antigo, dando uma declaração sobre seu trabalho na construção de uma pirâmide.
Segundo esse escravo, seu dia estava bom, já que até aquele momento havia ajudado a carregar três blocos de pedra de vinte toneladas cada e lhe deram apenas cinco chibatadas, talvez até o final do dia, ganharia mais cinco ou seis chibatas extras.
Em outro pequeno vídeo, pude assistir com exclusividade a uma entrevista com Moisés, logo após abrir o Mar Vermelho para seu povo Hebreu passar.
Por um momento, fiquei intrigado com tais gravações, que segundo pude notar, foram feitas através de câmeras frontais de celulares das épocas mencionadas.
Ao comentar com meus amigos sobre os tais vídeos, me disseram se tratar de meras criações feitas pela Inteligência Artificial.
Claro que eu havia desconfiado se tratar de uma farsa, afinal, onde já se viu um escravo egípcio ou mesmo o Moisés em pessoa darem depoimentos em português, se falavam em outras línguas?
Brincadeiras à parte, está se tornando constante os vídeos criados através de Inteligência Artificial, que em um olhar mais desatento e apressado pode gerar, inicialmente, uma dúvida, ou até mesmo enganar o pobre expectador.
Repórteres ouvindo depoimentos de simples moradores reclamando dos problemas do bairro, torcedores de futebol zoando adversários, trabalhadores com aparências de idosos negando que seus trabalhos sacrificantes não os envelhecem precocemente, mesmo que estes confessem que possuem apenas 30 anos… além de senhorinhas que caem em buracos na rua, despencam de telhados ou realizam mil peripécias.
Particularmente, gosto destes absurdos, dou grandes gargalhadas quando assisto vídeos do Lula e do Bolsonaro juntos, discutindo trivialidades como dois bons amigos e o Xandão chegando junto para também tomar parte da prosa.
Entretanto, temos de tomar um certo cuidado para não sermos enganados com outros materiais que são disseminados nas redes sociais com intenções maldosas. Em primeiro lugar, ter o discernimento de que, a princípio, tudo o que é publicado em qualquer rede social é de origem duvidosa; segundo, prestar atenção em quem está postando tais conteúdos suspeitos (a fonte), e em terceiro lugar, verificar a veracidade destas postagens através de pesquisas em sites confiáveis.
Se bem que, no campo da nossa política, não duvidaria que num momento qualquer no futuro, vejamos Lula e Bolsonaro trocando afabilidades (claro que com muitos interesses políticos e pessoais em jogo).
A Inteligência Artificial é uma realidade, mesmo que em alguns casos, essa realidade seja uma farsa. O importante é que a Inteligência Humana saiba conviver, discernir e aproveitar desse mecanismo da melhor forma possível.
RODRIGO ALVES DE CARVALHO nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta, possui diversos prêmios em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas promovidas por editoras e órgãos literários. Atualmente colabora com suas crônicas em conceituados jornais brasileiros e Blogs dedicados à literatura.
Em 2018, lançou seu primeiro livro intitulado “Contos Colhidos”, pela editora Clube de Autores. Trata-se de uma coletânea com contos e crônicas ficcionais, repleto de realismo fantástico e humor. Também pela editora Clube de Autores, em 2024, publicou o segundo livro: “Jacutinga em versos e lembranças” – coletânea de poemas que remetem à infância e juventude em Jacutinga, sua cidade natal, localizada no sul de Minas Gerais.