Gazeta Itapirense

Crônica: Bullying de agosto, por Rodrigo Alves de Carvalho

Estamos na última semana do oitavo mês do ano. Apreciado por uns (principalmente para quem faz aniversário neste mês e ganha presentes) e temido por outros, por suas superstições e crendices, o mês de agosto é conhecido como mês do desgosto, o que eu considero uma forma descabida de preconceito.

Seria um tipo de bullying contra um mês que não fez nada para ninguém. Está certo que alguns tristes eventos tenham acontecido justamente no mês de agosto, como o início da Primeira Guerra Mundial no dia 1º de agosto de 1914; o suicídio de Getúlio Vargas no dia 24 de agosto de 1954 e a morte de Juscelino Kubitscheck em um acidente automobilístico no dia 22 de agosto de 1976.

Porém, nada a justificar que o culpado por essas e outras tragédias tenha sido o nosso amiguinho mês de agosto.

E é engraçado dizermos que agosto é o mês do desgosto, porque estamos dizendo que um personagem muito antigo é o agourento da história, já que agosto vem do latim Augustus, criado pelo imperador romano César Augusto em 8 a.C. Uma homenagem que ele fez a si mesmo, (talvez pela falsa modéstia do imperador, seus inimigos tenham apelidado o mês de agosto como mês do desgosto).

Outro título negativo atribuído ao coitado mês de agosto é o de ser mês de “cachorro louco”.

E há uma interpretação errônea para esse título que vou tentar explicar agora:

No mês de agosto, devido às condições climáticas, as cadelas ficam no cio. Dessa forma, muitos cachorros vagam pelas ruas atrás de suas parceiras. Com isso, acontecem muitas brigas entre a cachorrada, o que realmente pode ocasionar a transmissão da raiva entre eles, porém, é preciso levar em conta outros fatores, como o animal já estar infectado, por exemplo.

Entretanto, basicamente não é que os cachorros estão todos loucos de raiva, e sim, loucos de amor.

O que quer dizer que literalmente, agosto não deveria ser chamado de mês do “cachorro louco” e sim, o mês do “cachorro tarado”.

 

RODRIGO ALVES DE CARVALHO nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta, possui diversos prêmios em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas promovidas por editoras e órgãos literários.  Atualmente colabora com suas crônicas em conceituados jornais brasileiros e Blogs dedicados à literatura.

Em 2018, lançou seu primeiro livro intitulado “Contos Colhidos”, pela editora Clube de Autores. Trata-se de uma coletânea com contos e crônicas ficcionais, repleto de realismo fantástico e humor. Também pela editora Clube de Autores, em 2024, publicou o segundo livro: “Jacutinga em versos e lembranças” – coletânea de poemas que remetem à infância e juventude em Jacutinga, sua cidade natal, localizada no sul de Minas Gerais. Em 2025, publicou o terceiro livro “A saga de Picolândia” – série de relatos sociopolíticos acontecidos em Picolândia – uma pequena cidade do interior, cuja sua principal fonte de renda é a produção de sorvetes. Com um tom humorístico e irônico, com uma pitada de realismo fantástico, a obra reúne diversas crônicas engraçadas narradas por um morador desta cidade.