Coluna Traço Feminino, por Hellen Santos
Um espaço acolhedor que trará de forma acessível assuntos necessários como direitos das mulheres, a luta das mulheres negras, a violência contra a mulher e o que fazer nessas situações, dentre outros temas relacionados à mulher.
Seja muito bem-vinda (o) !
Quantas Marinas Silva temos entre as mulheres ?
ssa semana foi televisionado um dos maiores ataques a uma mulher em sua função, desta vez de trabalho.A ministra Marina Silva sofreu violência de gênero pelos senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM), que de forma muito misógina disse que , não respeitava Marina enquanto ministra.
O ocorrido gerou uma repercussão muito grande e com razão, mas o que a ministra sofreu na Comissão de Infraestrutura no Senado, todas nós já sofremos ou temos sofrido.
As mulheres que tentam entrar na área política sofrem ainda mais, pois se trata de um espaço dito e pensado por eles e para eles( homens) e a baixa representatividade gera muitas situações em que as mulheres sofrem a fim de exercer um papel em um lugar que é seu por direito constitucional , mas que as fazem a todo tempo se desviarem de ser desqualificada, ouvindo a célebre frase que foi dita nesta horrorosa comissão à Marina “ Ponha-se no seu lugar!”
Qual é o lugar das mulheres na política? Existe um lugar que é de fato delas sem que haja questionamentos ? Na política, a representação que as mulheres recebem é uma das piores no nosso país. O Brasil tem um número de eleitoras, que é de 81.806,914, o que representa 52% do total, porém apesar de sermos maioria, somos subrepresentadas.
De fato, a presença de mulheres na política aumentou ao passar do tempo, mas o problema da desigualdade de gênero impede que os avanços necessários cheguem a elas nas esferas de poder.
Se formos olhar para a história da mulheres na política no Brasil, veremos que a entrada delas em termos de direito a voto e a candidatura eleitoral nos remete a datas importantes, como : Criação do código eleitoral (1932), às mulheres foram “autorizadas” a votar em todo o Brasil. Em 1933 as mulheres foram “autorizadas” a saírem como candidatas pela primeira vez. Já em 1934, a nova constituição consolidou o voto feminino a uma conquista do movimento feminista.
Apesar disso, a entrada das mulheres no campo político tem sido lento e a cada dia com maiores desafios e ataques (televisionados ou não) em todo o país e mundo. A dúvida que eu gostaria de trazer é : – Se temos esses ataques misóginos, de um machismo estrutural as claras, o que as mulheres têm vivido nos bastidores ?
Recentemente em um vídeo da ministra Cármen Lúcia, que é presidente do tribunal superior eleitoral, ela falou de forma muito objetiva que, todo mundo se diz a favor da igualdade de gênero, mas a desigualdade é enorme, que se nós mulheres somos maioria do eleitorado, porque somos subrepresentadas? Nos cargos de alto comando somos uma minoria significativa. A ministra completa que “Todo mundo é a favor desde que não ocupe o espaço que eu acho que é meu (homens )”
Se a representação em dados pautados acima são difíceis, quando tratamos a mulher negra na política a situação fica ainda mais complicada. A desigualdade na distribuição de recursos eleitorais, o preconceito racial e de gênero e a falta de investimento em candidaturas negras são fatores que contribuem para essa baixa representatividade.
Se olharmos para a nossa cidade, quando foi que tivemos uma vereadora negra? Será que não temos mulheres negras capacitadas para exercer a vereança? Será que os partidos investem e buscam essa representação ? Quais os espaços de comando que temos mulheres negras em nossa cidade? Onde você tem visto as mulheres negras trabalharem?
É preciso refletir sobre essas práticas, para não nos contentarmos com títulos que são até bonitos de festejar, mas que na vida cotidiana pouco contribuem para avançarmos em direitos e necessidades das mulheres negras.
As mulheres sofrem todos os dias, morrem por serem mulheres, são atacadas por serem mulheres, mas não conseguem alcançar mais direitos por não terem representantes mulheres que possam pautar as nossas demandas.
Você, mulher, deixo um convite para a reflexão. Você gostaria de se ver nos espaços de poder da nossa cidade? Você gostaria de ter mais mulheres lhe representando? Você que é mulher negra, gostaria de se ver na câmara dos vereadores, nas presidências de entidades, secretarias, gestão de alguma empresa? Pensem sobre isso..Itapira é o nosso espaço, então vamos nos pôr em nosso lugar !
“A força de uma mulher não é medida pelo impacto que todas as dificuldades tiveram sobre ela, mas pela extensão de sua recusa em permitir que essas dificuldades ditem quem ela é e quem ela se torna”.
Por: Hellen Santos