Artigo: Um breve comentário sobre o fim de ano, por Francisco Teles
Prontos para mais um final de ano mas não para essa conversa — Ou: Papo de refletir, tá?
Não, este não é mais um daqueles textos lugar-comum romantizando o passado e o idealizando na cara dura (apesar de parecer).
Anaximandro (610 a.C.), além de palpitar — e acertar — sobre como a Terra era e como se sustentava sozinha no espaço, antes mesmo de imaginarmos a Física como a conhecemos (eu também me assustei), dizia também que o presente, a grosso modo, era diferente do que entendemos hoje, depois de séculos de religiões e do calendário gregoriano: linear, simplório e cheio de datas comemorativas.
Para ele, passado, presente e futuro estavam além do próprio tempo. Estavam ligados ao indeterminado, ao atemporal.
E isso o torna sofisticado na medida em que, diferente de nós hoje, cercados por tecnologias e informações, o pensador se permitiu enxergar além do próprio condicionamento social, além das perspectivas de sua época.
Enquanto imaginamos “o fim de um ciclo” em dezembro e contamos dias e datas, o grego, dispondo apenas da própria imaginação, ousou ir tão além de seu tempo que precisamos citá-lo — 2.600 anos depois — e tentar compreender como a mente humana é capaz de ficar presa no futuro e se libertar no passado…
No nosso momento presente — ou no instante em que me “revelo”, como dizia Anaximandro — eu “apareço” também para desejar saúde e boas festas a todos!

Por: Francisco Teles



