Gazeta Itapirense

Artigo: Esquecer nem sempre é “coisa da idade”, por  Jessica Soares

Com o envelhecimento da população mundial, cresce também a preocupação com a saúde mental e cognitiva dos idosos. Um dos equívocos mais comuns é considerar o esquecimento frequente como uma consequência natural e inevitável da idade. Contudo, a perda progressiva e significativa da memória não faz parte do envelhecimento saudável e pode indicar o desenvolvimento de condições como a demência.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência no mundo, número que tende a aumentar nas próximas décadas devido ao aumento da longevidade. A demência é um termo genérico que engloba sintomas como perda de memória, dificuldades no raciocínio, atenção e linguagem, afetando diretamente a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos. O Alzheimer é a forma mais comum de demência, representando cerca de 60% a 70% dos casos.

Diferentemente do envelhecimento cognitivo saudável, que pode causar pequenas alterações na capacidade de lembrar nomes ou fatos isolados, a demência apresenta uma deterioração contínua, afetando a rotina diária e a independência do idoso. Por isso, identificar precocemente os sinais de comprometimento cognitivo é fundamental para o manejo adequado da condição.

Nesse contexto, a estimulação cognitiva surge como uma estratégia eficaz para promover a saúde mental na terceira idade. Trata-se de um conjunto estruturado de atividades e exercícios que estimulam diversas funções cerebrais, como a memória, a atenção, o raciocínio lógico, a linguagem e as habilidades visuo-espaciais. Essas intervenções visam não apenas a manutenção das capacidades cognitivas já existentes, mas também a potencialização de habilidades e a adaptação funcional às mudanças provocadas pelo envelhecimento ou por doenças neurodegenerativas.

Estudos científicos apontam que a estimulação cognitiva pode retardar o declínio funcional em pacientes com demência leve e moderada, além de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar emocional. Além disso, programas de estimulação realizados regularmente podem contribuir para a prevenção de déficits cognitivos em idosos considerados saudáveis.

A implementação de atividades que envolvam jogos, exercícios de memória, desafios mentais e socialização são algumas das abordagens utilizadas nos processos de estimulação cognitiva. É essencial que essas atividades sejam personalizadas, levando em conta as necessidades, preferências e limitações de cada idoso, para garantir maior adesão e efetividade.

A valorização da saúde cognitiva na terceira idade é um tema que deve ganhar cada vez mais espaço nas políticas públicas e nos cuidados clínicos. Informar e conscientizar a população sobre o que é envelhecimento saudável e a importância do acompanhamento preventivo pode transformar a experiência do envelhecimento, promovendo autonomia, dignidade e qualidade de vida para milhões de pessoas.

Jessica Fernanda Palini Soares

ABG – 530

Gerontóloga Formada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Psicanalista com Especialização em Neuropsicanálise e Hipnose Clínica

Neurocientista com Especialização em Reabilitação Cognitiva e Neurociência  do Comportamento, da Mente e do Desenvolvimento Humano.

 

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