Após anos de congelamento eleitoreiro, Bellini quer dobrar reajuste do IPTU
A manhã desta quarta-feira, 29, foi marcada por uma reunião de portas fechadas entre o prefeito Toninho Bellini e os vereadores. O encontro, realizado na Câmara Municipal, teve como pauta central uma proposta que já provoca polêmica: o reajuste de 10% no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para o ano de 2026.
Bellini chegou à Câmara acompanhado dos secretários de Fazenda, Valteir Ferreira de Freitas, e de Desenvolvimento Econômico, Celso Pelizer, além do procurador do município, Manoel de Oliveira.
Somente o vereador Maurício Cassimiro não esteve presente.
Mesmo tratando-se de um tema de interesse público direto, a imprensa foi impedida de acompanhar a reunião. O diretor da Gazeta, Gilmar Bueno de Carvalho Junior, que compareceu ao local para cobrir o encontro, foi barrado a mando do próprio prefeito que queria ficar apenas na companhia dos vereadores. Nem mesmo funcionários da Câmara puderam acompanhar a reunião.

Segundo apurado por nossa reportagem junto a vereadores que participaram do encontro, o impasse foi mantido. O prefeito bateu na tecla dos 10% de aumento mas os vereadores da oposição querem apenas o repasse do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que ficaria perto de 5%, o mesmo valor estimado pelo secretário Valteir. O vereador Mino Nicolai chegou a propor o mesmo índice usado em 2024, que foi de 7%.
Como amanhã é o último dia para a apresentação do Orçamento 2025, Toninho Bellini tem que mandar na peça orçamentária a previsão de reajuste.
A proposta de 10% de Bellini é desproporcional à realidade econômica do Brasil pois contrasta com o índice oficial de inflação já que o reajuste pretendido pelo prefeito praticamente dobra a inflação do período.
No ano anterior, Bellini já havia conseguido aprovar um aumento de 7% no IPTU de 2025, também acima do IPCA registrado à época que foi 4,83%, graças à maioria de vereadores alinhados ao governo. Na ocasião, apenas os vereadores Carlinhos Sartori, Carlos Briza e Leandro Sartori votaram contra a medida.
A postura atual do prefeito é uma contradição em relação ao discurso que o ajudou a vencer as eleições. Durante suas campanhas, Bellini usou o congelamento do IPTU e das tarifas do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) como bandeira política para conquistar o apoio popular. Agora, com a prefeitura enfrentando dificuldades financeiras, o prefeito tenta recuperar a arrecadação perdida nos anos em que não reajustou o IPTU apenas para garantir sua vitória na urnas.
Se tivesse adotado uma política de reajustes anuais dentro do limite da inflação, como fez o ex-prefeito Paganini durante seus oito anos de mandato, Itapira provavelmente teria hoje uma situação financeira mais equilibrada. Em todos os anos de sua administração, Paganini limitou os reajustes à variação do IPCA, garantindo previsibilidade e estabilidade nas contas públicas.
A nova proposta de aumento deve ser encaminhada à Câmara Municipal nos próximos dias, e promete render intensos debates entre governo, oposição e a população itapirense, que pode acabar pagando a conta da má gestão fiscal acumulada ao longo dos anos de ‘farra’ financeira.




