Gazeta Itapirense

A luta de quem deixou o Nordeste: histórias de trabalhadores que atuam na construção civil em Itapira

A cena se repete há décadas em muitas cidades do interior paulista: trabalhadores que deixam suas cidades natal no Nordeste em busca de uma vida melhor no Sudeste. Em Itapira, essa realidade é visível em diversas obras da cidade. Entre tijolos, cimento e concreto, histórias de coragem, sacrifício e esperança se entrelaçam no cotidiano dos operários da construção civil.

A reportagem de A Gazeta visitou o canteiro de obras do Plaza Acqua Living, da Construtora LBraga. O empreendimento imobiliário tem tudo para transformar o bairro do Cubatão e elevar a região mais antiga da cidade a outro patamar.

Valdir Valentim Ferreira, de 44 anos, é um desses personagens. Natural de Icó, no Ceará, ele vive em São Paulo há quase 30 anos. Hoje atua como encarregado da obra. “Vim direto do Ceará pra construção civil”, conta ele, que já trabalhou em outras empresas antes de integrar a equipe da construtora. Apesar de já ter sua vida estabelecida em São Paulo, onde moram seus pais, ele ainda guarda saudade da terra natal. “Tem a família e os amigos, dá saudade sim. No final do ano, a gente dá uma pausada e vai visitar todo mundo”, diz com bom humor. Para ele, a construção civil tem sido uma porta aberta para quem tem coragem de trabalhar: “Tá bom demais. Sempre tem serviço pra quem quer”.

O encarregado Valdir está há mais de 30 anos no sudeste (Foto: Gilmar Carvalho/Gazeta)

Já Lucas Gabriel Guerreiro Queiroz, de 18 anos, também é natural de Icó. Com apenas sete meses em Itapira, ele traz a juventude como força motriz para os desafios diários. “Trabalhava na roça, igual a eles”, comenta. Apesar da saudade da família — pais e irmãos ficaram no Ceará —, Lucas acredita que a mudança foi necessária. “É uma vida corrida, mas necessária. Pretendo continuar por aqui”, afirma.

“É uma vida corrida, mas necessária. Pretendo continuar por aqui”. disse Gabriel (Foto: Gilmar Carvalho)

Giovane Barros da Silva, de 25 anos, chegou há apenas três meses a Itapira. Veio de Chapadinha, no Maranhão, acompanhado do irmão. Casado e pai de dois filhos, Giovane trocou a roça pelo canteiro de obras. “É a vida da luta. Complicado, mas estamos animados”, diz ele, que também espera visitar sua cidade apenas no fiom do ano, como é costume entre muitos migrantes.

“Nasci em Chapadinha, no Maranhão, e estou na construção civil faz três meses. Antes disso, eu vivia da roça, trabalhava por conta nas minhas terras. Vim para cá depois que um conhecido da cidade conseguiu serviço por aqui e nos indicou. Ele fez contato com um patrão e conseguimos vir trabalhar. Deixei minha esposa e dois filhos no Maranhão. Não é fácil, mas é preciso enfrentar. A gente sente muita saudade, mas tem que trabalhar, buscar o melhor para eles.”, pontuou Joel Barros da Silva, 23 anos.  Com os olhos no fim do ano, Joel já planeja rever os familiares. “Pretendo voltar para casa em dezembro. Costumo visitar uma vez por ano, é o que dá.”

Os irmãos Giovane e Joel deixaram o Maranhão em busca do sonho (Foto: Gilmar Carvalho/Gazeta)

As histórias de Valdir, Giovane, Joel e Lucas representam um retrato fiel da jornada de muitos nordestinos que buscam no trabalho duro a realização de sonhos e a garantia de uma vida mais digna. A construção civil, apesar das dificuldades, tem sido uma das principais portas de entrada para esses trabalhadores, que com dedicação e persistência ajudam a erguer não apenas prédios, mas também um futuro com mais oportunidades.