Anos passam, enchentes continuam e soluções não saem do papel em Itapira
Com a chegada do período das chuvas, a recorrência de alagamentos em diferentes regiões de Itapira volta a preocupar os moradores e a expor a fragilidade da infraestrutura urbana da cidade e a ausência de soluções definitivas para um problema que se arrasta há anos.
Mesmo com registros frequentes de prejuízos a moradores e comerciantes, intervenções estruturais capazes de reduzir os impactos das chuvas seguem no campo das promessas e dos estudos técnicos, sem resultados concretos perceptíveis à população.
Passa ano, chega ano, é o problema não tem uma solução definitiva, pelo contrário, quando as inundações ocorrem, as desculpas do Poder Público são sempre as mesma: muita chuva em pouco tempo, sujeira nas tubulações e por aí vai.
Entre os pontos mais críticos está a região central, especialmente a rua Manoel Pereira e um trecho das ruas 15 de Novembro e José Bonifácio, vias que se cruzam e que, historicamente, sofrem com alagamentos intensos em períodos de chuva mais forte.

Todos os anos, as três ruas ficam praticamente intransitáveis, com a água avançando sobre calçadas e invadindo estabelecimentos comerciais, causando danos materiais e interrompendo a rotina de quem trabalha e circula pelo local.
O problema não é recente. Há décadas, comerciantes e moradores relatam que mesmo chuvas de curta duração são suficientes para provocar o transbordamento das águas, evidenciando a incapacidade do sistema de drenagem da região em absorver o volume acumulado.
A situação se agrava pelo fato de o trecho estar próximo ao Córrego Lavapés, cuja vazão se torna insuficiente diante do crescimento urbano e da impermeabilização do solo ao longo dos anos.
Há cerca de cinco meses, a Prefeitura de Itapira, por meio da Secretaria de Obras e do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), realizou uma vistoria diretamente no leito do Córrego Lavapés, na tentativa de identificar possíveis barreiras, obstruções ou irregularidades que estariam contribuindo para os alagamentos nas vias citadas. Apesar da ação, nenhuma anormalidade estrutural foi oficialmente constatada que explicasse, de forma isolada, a intensidade dos alagamentos registrados nesses pontos.
Além da região central, outros locais da cidade também figuram entre as áreas de risco recorrente. No Distrito Industrial Carlos Yonezawa, empresas enfrentam transtornos frequentes em períodos chuvosos, com acúmulo de água em vias internas e dificuldades de acesso. Situação semelhante é registrada na rua Funabashi Tokuji, nas proximidades da fábrica Penha, onde o volume de água acumulado compromete o tráfego e gera preocupação constante entre trabalhadores e empresários.
Os bairros Assad Alcici e Nosso Teto também sofrem com o transbordamento frequente do córrego que corta estas localidades.
A repetição dos alagamentos em diferentes pontos da cidade evidencia que o problema não é pontual, mas sistêmico, relacionado à capacidade limitada da drenagem urbana, à expansão da malha urbana sem a devida atualização da infraestrutura e à falta de obras estruturais de grande porte ao longo dos últimos anos.
Enquanto isso, moradores e comerciantes seguem adotando medidas paliativas para tentar reduzir prejuízos, como instalação de barreiras improvisadas, elevação de portas e adaptações internas em imóveis, sem garantia de proteção total.
Procurada pela reportagem da Gazeta, a Prefeitura de Itapira, por meio da Secretaria de Obras, informou que elaborou dois processos de contratação com o objetivo de minimizar os alagamentos na cidade. Segundo a administração municipal, ambos os processos já foram encaminhados à Secretaria de Recursos Materiais para a elaboração do procedimento licitatório.
De acordo com a resposta oficial, um dos projetos prevê a execução de obra para alargamento do chamado “estrangulamento” do Lavapés existente nas proximidades da Rua 15 de Novembro, ponto considerado crítico para o escoamento das águas.
O segundo trata da elaboração de um projeto executivo para o dimensionamento e definição da localização de possíveis piscinões de contenção, abrangendo praticamente todos os pontos considerados críticos no município.
Apesar do anúncio dos projetos, moradores e comerciantes seguem cobrando prazos, cronogramas e ações efetivas. A expectativa é que as intervenções saiam do papel e resultem em soluções duradouras, evitando que a cidade continue convivendo, ano após ano, com os mesmos transtornos provocados pelas chuvas.



