Gazeta Itapirense

Uma vida dedicada à notícia: Adilson Fernandes e a história de 35 anos no jornalismo policial

A trajetória de Adilson Fernandes se confunde com a própria história do jornalismo policial local. Aos 35 anos de atuação ininterrupta na imprensa, ele segue na ativa, mantendo a mesma curiosidade e paixão que o levaram, ainda jovem, a trocar a rotina de padeiro pelos microfones do rádio e pelas páginas dos jornais.

Natural de Itapira, Adilson iniciou sua relação com o rádio ainda na juventude, influenciado pelo pai, que era ouvinte assíduo da Rádio Clube de Itapira. “Meu pai era fã do Abel Toffoli. Eu ia com ele muitas vezes à rádio e aquilo começou a despertar minha curiosidade”, relembra. As visitas frequentes à emissora e o contato com comunicadores da época despertaram o interesse que, anos depois, mudaria completamente seu destino profissional.

Antes do jornalismo, no entanto, Adilson tinha uma realidade bem diferente. Ele trabalhava como padeiro na Padaria Nossa Senhora do Carmo, tendo como patrão os empresário Roberto e Paulo Zeferino. “Eu entrava às dez da noite e ficava até de madrugada. Trabalhava para ajudar em casa, porque minha família era grande”, conta. Foi nesse período que surgiu a oportunidade que marcaria sua vida: um concurso de oratória promovido pela Rádio Clube de Itapira, envolvendo escolas da cidade e da região.

Souza, proprietário da Rádio Estância: muita história pra contar (Divulgação)

Determinando a participar, Adilson precisou tomar uma decisão difícil. “O concurso era no sábado, e naquele tempo a gente entregava o pão do fim de semana no próprio sábado. Para ir, eu tive que faltar do serviço”, recorda. A consequência veio rapidamente. “Na segunda-feira, o Roberto me dispensou da padaria. Eu perdi o emprego por causa disso”, relata.

Apesar da demissão, o resultado do concurso trouxe uma reviravolta inesperada. Adilson venceu a disputa e chamou a atenção de profissionais da rádio.

“Fui falar com a professora Terezinha Vieira, mãe do Floriano Campos, que era muito amiga minha. Expliquei o que tinha acontecido, que eu tinha sido mandado embora”, lembra.

A professora intercedeu junto a dirigentes da Rádio Clube. “Ela conversou com o Calli, que era diretor de esportes. Ele falou que eu não podia ficar desamparado e me chamou para trabalhar no Decet”, conta Adilson.

A partir dessa experiência, a ligação com o rádio se fortaleceu. “Depois que você entra no rádio, você se apaixona. Não tem mais volta”, afirma. Paralelamente, Adilson começou a frequentar outras emissoras e acompanhar profissionais experientes. “O Wilson Baragato me levava para Mogi Mirim eu ficava observando, aprendendo. Aquilo foi uma escola para mim”, recorda.

A estreia na imprensa escrita veio pouco tempo depois, no Jornal de Itapira, ao lado de Luiz Arnaldo. “Era um jornal simples, mas foi ali que comecei a fazer reportagem policial”, explica. A partir daí, construiu uma trajetória sólida, passando por veículos como Tribuna, Gazeta, Cidade, Expressão Regional e fundando o jornal Liberal. Em muitos momentos, conciliou o trabalho no rádio com a produção de conteúdo para jornais impressos. “Eu juntava tudo. Rádio e jornal sempre caminharam juntos na minha vida”, afirma.

O jornalismo policial se tornou sua principal marca. “Sempre gostei da rua, de acompanhar as ocorrências, de falar com as pessoas. É um jornalismo que exige responsabilidade e muito cuidado”, diz. Ao longo das décadas, Adilson acompanhou investigações, operações policiais e transformações na forma de fazer jornalismo, mantendo uma forte ligação com o público.

Atualmente, ele segue na ativa em duas emissoras. Na Rádio Estância, em Jacutinga, apresenta o programa Ronda Policial, enquanto na Rádio Novo Cântico, um jornal com informações gerais e policiais. “Na Estância é mais policial, já na Novo Cântico é um jornal mais amplo. Mas em ambos eu faço o que sempre gostei: informar”, ressalta.

Na Novo Cântico estou lá graças ao Erasmo, da Construtora União. Ele tinha o espaço na rádio e convidou Fernandes para fazer o programa.

Mesmo após 35 anos de profissão, Adilson mantém o entusiasmo do início da carreira. “Eu gosto do que faço. É paixão mesmo. Se não fosse, eu não estaria até hoje”, afirma. Ele também destaca a importância das pessoas que cruzaram seu caminho. “Nada disso teria acontecido sem a ajuda de muita gente. Professores, radialistas, como o Toy Fonseca, Cebolinha que foi um professor, colegas de jornal, patrocinadores, amigos. Cada um teve um papel nessa história”, reconhece.

Ao completar 35 anos no jornalismo, Adilson Fernandes segue produzindo notícias diariamente, reafirmando seu compromisso com a informação e com a comunidade. Para ele, mais do que uma profissão, o jornalismo representa uma vocação construída com esforço, oportunidades e amor pelo que faz.