Gazeta Itapirense

Após incêndio e destruição, Congada Mineira inicia campanha de doações para reconstrução

A Congada Mineira de Itapira enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história após um incêndio destruir parte significativa de seu acervo cultural e do imóvel onde vive o líder do grupo, na noite desta terça-feira,18. O fogo consumiu roupas históricas, instrumentos e objetos pessoais, causando um grande impacto cultural e emocional aos integrantes da manifestação tradicional.

O incêndio ocorreu por volta das 21h, em uma casa antiga com forro de madeira, estrutura que facilitou a rápida propagação das chamas. No imóvel moram o líder do grupo, conhecido como seo Arnaldo, e parte de sua família. Apesar do susto e da destruição material, ninguém ficou ferido.

Entre as perdas estão roupas tradicionais usadas há décadas pelos integrantes da Congada, incluindo peças raras de mais de 60 anos. Uma das maiores relíquias destruídas foi uma veste confeccionada há mais de 80 anos, usada por Joaquim Benedito Franco, fundador da Congada Mineira de Itapira e figura central na tradição do município. Também foram queimados dez tambores novos recém-adquiridos por meio de emenda parlamentar, além de televisão, estante, móveis e objetos pessoais dos moradores.

Carlos Sérgio e Carlos Nelson com roupa usada pelo fundador da Congada: mais de 80 anos de história (Foto: Gilmar Carvalho/Gazeta)

Carlos Sérgio Franco, membro da família e integrante da Congada, relatou os momentos de desespero ao chegar ao local após ser avisado pela neta. Ele destacou que boa parte da história do grupo estava guardada exatamente no cômodo que foi tomado pelo fogo.

“Esse quartinho guardava roupas pessoais e, depois, roupas da Congada de 50, 60 anos. Tinha roupa de pessoas que já dançaram e até de familiares que já faleceram. Tinha coisa do meu avô, que era o fundador”, contou.

Segundo ele, a perda dos tambores novos também representa um baque importante. “Eram dez tambores novos que nós tínhamos ganhado de uma emenda. Queimou tudo”, lamentou.

Roupas antigas, tambores, móveis, objetos pessoais e até o telhado foram consumidos pelas chamas (Foto: Gilmar Carvalho/Gazeta)

Carlos também explicou que, apesar de cada dançante atualmente manter seu traje em casa, era justamente ali que ficava a parte histórica do acervo. “Essas roupas tinham valor sentimental muito grande. É um pedaço da memória da Congada que se foi.”

Diante da situação, os integrantes estão organizando uma campanha de doações para reconstruir o espaço, recuperar o que for possível e garantir a continuidade da tradição. O objetivo da vaquinha é arrecadar recursos para compra de telhas, cabos, materiais de construção e, futuramente, para recompor parte das roupas e instrumentos perdidos.

“A gente vai contar com a população. Quem puder ajudar, de qualquer forma, será muito importante”, destacou Carlos.

A comunidade pode contribuir por meio do Pix disponibilizado pelo grupo.

Pix para doações: (19) 99287-8404 — Carlos Nelson Antonio (PicPay).

A Congada Mineira de Itapira é uma das manifestações culturais mais tradicionais da cidade e mantém viva a memória de gerações. A campanha busca unir a comunidade para que o grupo possa se reerguer e continuar transmitindo sua história às futuras gerações.