Fontolan cobra CPI e denuncia gastos milionários, obras paradas e falhas na administração
Durante a 35ª sessão ordinária da Câmara Municipal de Itapira, realizada na noite da última quinta-feira,16, o vereador Tiago Fontolan voltou a cobrar uma postura mais firme de seus colegas em relação à atual administração municipal. Ele chegou a propor uma CPI para apurar a fundo os problemas envolvendo o quarto mandado do prefeito Toninho Bellini.
Em sua fala, o vereador apresentou uma matéria recebida pelas redes sociais, referente à cidade de Socorro, onde a Câmara Municipal aprovou a criação de três comissões especiais para investigar possíveis fraudes em licitação, irregularidades na saúde pública e uso indevido da máquina pública. Entre as denúncias, está a contratação sem licitação de uma empresa para realizar o rodeio local, com exploração comercial de camarotes, estacionamento e praça de alimentação em um evento bancado com recursos públicos. Outro ponto destacado pela Câmara de Socorro foi o caos na área da saúde, com falta de pediatras, equipes reduzidas, medicamentos em falta e negativa do hospital em fornecer informações ao Legislativo.
A reportagem destaca que os prefeitos de Socorro e de Itapira pertencem ao mesmo partido político, o PSD, e têm como principal liderança e padrinho político o ex-ministro Gilberto Kassab, o que, segundo observadores, reforça a semelhança entre as situações mencionadas nas duas administrações.
Após apresentar esse paralelo, Fontolan afirmou que os levantamentos, apontamentos e denúncias sobre possíveis irregularidades e desperdícios de recursos públicos em Itapira já são numerosos, e que a Câmara precisa tratar o tema com maior seriedade e transparência.

O parlamentar citou diversos exemplos de gastos elevados e questionáveis, entre eles o investimento de R$ 1 milhão no rodeio, além de mais de R$ 3 milhões destinados a shows e estruturas de eventos apenas nos seis primeiros meses de 2025. Fontolan também fez referência ao sistema de gestão da saúde pública, o Bertech, cuja contratação inicial em 2023 foi de R$ 2,8 milhões, posteriormente renovada, elevando o valor total para R$ 5,6 milhões. Segundo o vereador, a nova renovação do contrato, prevista para novembro de 2025, adicionará mais R$ 2,8 milhões a um sistema que, segundo relatos de servidores, continua apresentando falhas e insatisfação.
Outro gasto apontado pelo vereador foi a aquisição de kits de higiene bucal pela Prefeitura de Itapira, compostos por escova de dente, pasta, fio dental e um pequeno livrinho educativo, ao custo de R$ 165 por unidade. O investimento total ultrapassa R$ 1 milhão, o que, segundo Fontolan, representa mais um exemplo de má aplicação dos recursos públicos em itens de valor desproporcional.
Em sua fala, o vereador também abordou a situação das obras paradas no município, citando o caso do Mercadão Municipal, cuja reforma já teve quase todo o investimento pago, porém permanece sem conclusão e sem destinação definida. Fontolan ressaltou que a própria administração ainda não sabe o que fará com o espaço, que segue fechado e sem utilidade pública.
Outro exemplo lembrado foi o Complexo da Saúde, um prédio orçado em R$ 9 milhões, construído sob a promessa de melhoria no sistema de atendimento, mas que até agora não foi entregue à população. O vereador destacou ainda falhas no projeto, como o elevador de apenas um metro por um metro, incapaz de acomodar uma maca, e o custo elevado de R$ 500 mil apenas com a estrutura metálica que decora o prédio.
Fontolan afirmou que, diante de tantos apontamentos e denúncias, “já passou da hora da atual administração ser investigada da maneira que merece”. Em tom de apelo, conclamou os demais vereadores a se unirem na apresentação de um pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), garantindo que sua assinatura já está à disposição para que a proposta avance.
“Para um pedido de CPI, os companheiros já têm a minha assinatura”, declarou o vereador, reforçando o pedido de colaboração dos colegas para que a administração municipal seja devidamente investigada.
A reportagem da Gazeta procurou o vereador, que respondeu aos questionamentos afirmando que “agora falta a elaboração de documentos com embasamento jurídico para que todos os companheiros possam ter ideia do que estamos falando e ter a tranquilidade para decidir sobre a assinatura ou não do pedido de CPI”.
Fontolan também ressaltou que todos os pontos elencados durante o pequeno expediente são passíveis de elaboração de documento com embasamento jurídico e podem, inclusive, englobar um pedido geral de acompanhamento através de uma CPI, de forma a garantir transparência e respaldo legal à iniciativa.