Sax e serenidade: o professor que faz da rua seu palco e do vento seu público
Em meio à correria do trânsito e ao vai e vem de pedestres na movimentada rua Firmino Vieira da Silva Campos, nas proximidades da rotatória da avenida Getúlio Vargas, no bairro Santa Bárbara, um som diferente costuma chamar a atenção de quem passa.
É o som suave do saxofone de Antônio Cássio Sobrinho Lopes, professor de matemática de 56 anos, que há cerca de dois anos transforma o local em um pequeno refúgio musical.
Nossa reportagem conversou com o músico no fim da tarde desta quarta-feira, 15, bem de um dos horários de pico da pulsante região da cidade.
Morador da avenida Getúlio Vargas, Cássio leciona na Escola Estadual Cândido de Moura e encontrou na música uma forma de relaxar e se conectar com as pessoas. Fazendo de uma pedra o seu assento, ele escolheu um ponto sob a sombra de uma árvore e ali fez seu espaço de inspiração. “Você senta aqui, olha o verde, escuta os passarinhos, o som se mistura… isso inspira a gente”, conta o professor.
O barulho constante de carros e motos não parece incomodá-lo. Pelo contrário, Cássio diz que o movimento ajuda a criar um ambiente de descontração. “Você acaba tendo um momento seu, toca, o pessoal passa, olha… o músico precisa disso. Faz parte do show”, explica, com um sorriso.
Segundo ele, algumas pessoas já pararam para ouvi-lo tocar e chegaram a elogiá-lo. “Teve uma vez que alguém ficou escutando até o fim da música e depois veio me parabenizar. Isso inspira muito”, comenta.
O professor toca saxofone há mais de dez anos e é integrante de uma banda da Igreja Adventista do Sétimo Dia, onde participa de apresentações de música gospel. Mas é na praça que ele encontra o equilíbrio. “Aqui eu venho pra arejar a cabeça. E também pra não perder a prática, porque a embocadura precisa ser mantida”, diz.
Com um saxofone americano antigo, de som mais encorpado e metálico, Antônio Cássio segue encantando quem passa pela praça. Seus “fãs itinerantes”, como brinca ao se referir aos pedestres, motoristas e ciclistas que param por alguns instantes para ouvi-lo, são a plateia espontânea de um artista que leva serenidade e arte a um dos pontos mais movimentados da cidade.