Herdeiro de ‘seo’ Pedro Pipoqueiro leva adiante ofício que atravessa gerações
A cena já faz parte da memória afetiva de muitos itapirenses: o carrinho de pipoca no Parque Juca Mulato. O responsável por manter viva essa tradição é Antônio Orsini Sobrinho, de 69 anos, que herdou do pai, Pedro Orsini, o ofício de pipoqueiro e o carinho da população.
‘Seo’ Pedro Pipoqueiro’ começou a vender pipoca na cidade em 1962 e atuou até 1992, ano de sua morte, completando mais de 30 anos de trabalho. Ele atendia principalmente na equina da Escola Estadual Dr. Júlio Mesquita. Foi ali que gerações de alunos tiveram contato direto com o simpático senhor.
Quando o dinheiro estava curto e a vontade de comer uma pipoquinha gostosa era grande, rolava aquele pedido para o pipoqueiro oficial da escola: “dá pipoca seo Pedro?”. Ele não resistia, colocava uma ‘concha’ com a guloseima na mão da criançada e soltava, junto com um sorriso cativante: “comprar que é bom não compra né”.
Ele trabalhou também na Praça Bernardino de Campos quando ali era o ponto de encontro dos itapirenses que iam até o Cine Paratodos, Clube XV, Centrão ou Cine Bar, sendo presença constante nos finais de semana e eventos da época. E lógico, não tem como esquecer do seo Pedro no Parque Juca Mulato aos fins de semana.

Com a profissão, sustentou a família, criou cinco filhos e deixou cinco casas, tudo conquistado graças ao carrinho de pipoca.
O filho Antônio começou a ajudar o pai ainda criança, por volta dos 8 anos de idade, e hoje soma mais de cinco décadas dedicadas ao mesmo ofício. “Isso aqui é uma maravilha. Criei meus filhos com o carrinho de pipoca, assim como meu pai fez. É a vida inteira nisso”, contou.
A saborosa pipoca, juntamente com outras guloseimas, podem ser consumidas aos fins de semana no Parque. Na época do calor, ele vende raspadinha também.
Antônio Orsini possui dois carrinhos, um mais novo, com cerca de 15 anos de uso, e outro que pertenceu ao lendário pipoqueiro Raul, que ficava com seu carrinho em frente ao Bazar Tropé, onde vendia, além de pipoca, os famosos amendoins doce e salgado que vinham em uma espécie de canudo.

Apesar do orgulho em seguir os passos do pai, Antônio admite que ainda não tem certeza se a tradição continuará com as próximas gerações. Ele tenta incentivar o filho e o genro a darem continuidade ao trabalho, mas, por enquanto, a ideia permanece apenas como conversa.
Para ele, o ofício vai muito além de vender pipoca: é também sobre construir memórias e manter viva uma tradição que já atravessou décadas em Itapira. “Sou o único que continua nessa profissão na cidade. Se um dia eu parar, talvez acabe. Por isso, espero que alguém da família assuma. É uma profissão simples, mas cheia de significado”, finalizou.